Um psicólogo no campo de concentração.
O ser humano é aquele ser que inventou as câmaras de gás de Auschwitz; mas ele é também aquele ser que entrou naquelas câmeras de gás de cabeça erguida, tendo nos lábios o Pai Nosso ou Shemá Yisrael.
Dostoievski - define o ser humano como o ser que a tudo se habitua.
Quando nada mais resta. (pg. 43)
Quintessência da sabedoria por tantos poetas cantada: a verdade de que o amor é, de certa forma, o bem último e supremo que pode ser alcançado pela existência humana. Compreendo agora o sentido das coisas últimas e extremas que podem ser expressas em pensamento, poesia - e em fé humana: a redenção pelo amor e no amor! Passo a compreender que a pessoa, mesmo que nada mais lhe reste neste mundo, pode tornar-se bem aventurada - ainda que somente por alguns momentos - entregando-se interiormente à imagem a pessoa amada. Na pior situação exterior que se possa imaginar, numa situação em que a pessoa não pode realizar-se através de alguma conquista, numa situação em que sua conquista pode consistir unicamente num sofrimento reto, num sofrimento de cabeça erguida, nesta situação a pessoa pode realizar-se na contemplação amorosa da imagem espiritual que ela porta dentro de si da pessoa amada.
"Num abrir e fechar dos olhos eleva-se novamente minha alma."
"Voltar-se ao seu interior para elevar a alma, e escapar do vazio - o refúgio no passado.
Agora entendo porque minha mãe revive tanto o passado que eu digo a ela que é para "esquecer" Ela faz isso para escapar do vazio e da pobreza espiritual e de sua existência atual. O refúgio no passado. Encontro-me em lágrimas quando descubro como minha mãezinha é sábia sem saber. Ela cria e recria seus argumentos e incentivos à vida. Minha mãe perdeu a visão, mas não perdeu o seu ser.
Mas o que ocupa o pensamento não são as grandes experiências, e, sim, muitas vezes, um fato corriqueiro, as coisas mais insignificantes de sua vida anterior. Na lembrança nostálgica, elas se apresentam sublimes ao "prisioneiro". Distanciado de vida real e do presente, voltada para o passado, a vida interior recebe um cunho peculiar. O mundo e a vida lá fora estão muito distantes. O espírito tem saudades deles: a gente anda de biarticulado, chega em casa abre a porta da frente, o telefone toca; a gente caminha para atender acende a luz. (Minha mãe imagina, a cozinha iluminada) são detalhes aparentemente irrisórios como este que o prisioneiro gosta de lembrar.
A intensidade desta experiência faz esquecer por completo o mundo que a cerca e toda a mudança.
Antes de atirar a primeira pedra pergunte-se com toda sinceridade se teria agido de outra forma, estando na mesma situação.
Segurar-se interiormente, consiste num apoio interior - instabilidade, insegurança no fato de não saber quanto tempo ele terá de viver esta situação. - "existência sem futuro", existência provisória.
Somente sucumbe às influências do ambiente ou situação vivida "existência provisória", em sua evolução de caráter , aquele que entrogou os pontos espiritual e humanamente.
"Não é o que nós esperamos da vida, e sim, o que ela espera de nós." Jamais importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós. (pg. 76)
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